O IMPARÁVEL LÍDER DO MPLA

O presidente do MPLA (partido no Poder há 46 anos), Presidente da República e Titular do Poder Executivo, João Lourenço, reafirmou ontem pela milésima vez, a aposta da sua seita na defesa, ampliação e consolidação dos avanços sociais já conquistados.

Informação pedagógica ao Departamento de Informação e Propaganda do MPLA e respectivas sucursais (ERCA, PGR, CNE, Tribunal Constitucional, etc.). Seita: Grupo organizado que tem ideias ou causas em comum = Bando, Partido.

Ao discursar na abertura da XIII Conferência Ordinária Provincial de Luanda, que reconduziu um deus mais emblemáticos peritos, Bento Bento, no cargo de primeiro secretário, João Lourenço afirmou que parte significativa da sociedade angolana (cerca de 30 milhões de autóctones, segundo as contas do Folha 8) continua a identificar-se com o Projecto de Nação do MPLA.

João Lourenço lembrou, recorrendo certamente ao mais válido exemplo dado pelo seu herói nacional e mundial, Agostinho Neto, que o MPLA é o promotor das principais transformações do país (como seja o de ter posto os rios a nascer na… nascente), o que impulsionou sempre a actualização da legislação e as reformas constitucionais que proporcionaram a pluralidade representativa de modo a que o MPLA nunca deixe de estar no Poder, a disputa eleitoral e a ampla participação dos cidadãos na vida do país… desde que estejam sempre de acordo com os representantes de deus na terra, no caso de Angola: Agostinho Neto, José Eduardo dos Santos e João Lourenço.

“Em matéria de democracia, Angola avançou nos últimos anos com mais liberdade de expressão, de imprensa e de reunião, numa democracia em pleno desenvolvimento que defende o primado da Lei em toda a sua acção”, sublinhou João Lourenço naquela que foi a mais expressiva demonstração de que os militantes do MPLA têm (quase) todos o cérebro nos intestinos e a coluna vertebral no umbigo.

O paizinho exortou os militantes a pautarem-se por uma conduta de respeito pela diferença, de tolerância e de solidariedade, fazendo a diferença para servir de exemplo no meio de práticas repugnantes e condenáveis, que se assiste ultimamente na forma de se fazer política em Angola. Bem visto. Falou do que sabe. O MPLA é o mais inequívoco exemplo de práticas repugnantes e condenáveis.

João Lourenço apelou aos militantes para aproveitarem o potencial das redes sociais para a melhoria qualitativa do trabalho político-partidário, aperfeiçoando os mecanismos de fazer política em ambientes digitais. Seita que se preze tem mesmo de saber lidar com as redes sociais, nem que para isso – como acontece com muitos dos acéfalos do MPLA – tenha de se descalçar para conseguir contar até 12…

“Devemos complementar a acção presencial com a acção digital, bem como dinamizar campanhas de educação cívica que visem contribuir para a humanização da nossa sociedade”, exortou João Lourenço, reconheceu a Internet como um desafio para a política, para os meios de comunicação tradicionais e para a nova cidadania, cuja participação no debate político passa agora por “este poderoso instrumento tecnológico”.

João Lourenço informou aos militantes da entrega da sua candidatura ao cargo de presidente do MPLA, para, com base no programa, nos estatutos e no Código de Ética partidária (o MPLA é Angola e Angola é do MPLA), continuar a contribuir para que o partido mantenha não só a posição de maior, mas sobretudo a de melhor força política em Angola, o que – parafraseando o Presidente – pode levar a que, se “haver” necessidade, seja preciso acabar com a Oposição.

“Entregamos à subcomissão de candidaturas a Moção de Estratégia que contém a minha visão para os próximos cinco anos. Aproveito esta tribuna para expressar o meu profundo agradecimento pelas manifestações de apoio e solidariedade dos militantes em representação das 18 províncias que subscreveram a candidatura”, disse. Por modéstia, João Lourenço não referiu que foram mais de 30 milhões de militantes que manifestaram a sua solidariedade…

João Lourenço referiu que o processo orgânico do VIII Congresso do MPLA introduziu uma inovação na aplicação do princípio da renovação, que fica em 55 por cento, e da continuidade, que está em 45 por cento, como forma de continuar o processo de rejuvenescimento.

João Lourenço apontou também a paridade de género como a maior novidade no MPLA, sublinhando que isso traduz o compromisso (não será, como dizia uma das muitas ministras que este governo já teve, “compromíssio”?) com a mulher e a prova de que o partido “valoriza a mulher e reconhece o papel da mulher nos vários segmentos da sociedade angolana”.

Acrescentou que a atribuição da quota de 35 por cento para a juventude traduz o quanto os jovens representam para o MPLA, em todas as etapas do seu percurso histórico.

“Todo este movimento se enquadra no âmbito do processo de reformas, de modo a garantir a vitalidade do MPLA, conciliando a experiência dos mais velhos, a sabedoria da mulher e a energia e força da juventude”, frisou, numa afirmação que certamente já faz parte dos manuais do partido.

O presidente do MPLA manifestou-se preocupado com o facto de muitos angolanos insistirem em não aderir à vacina e a ignorarem as normas de biossegurança recomendadas. De facto há sempre quem queira azucrinar o papel celestial do Presidente. Até há quem teime em morrer quando está quase, quase mesmo, a aprender a viver sem comer.

João Lourenço reconheceu que, devido à pandemia, a situação económica do país e nas demais nações fez aumentar não só a taxa de desemprego, mas também reduziu o poder de compra dos cidadãos. Tem toda a razão. Há 46 anos que as pandemias teimam em boicotar o trabalho do partido que está no poder desde 1975.

O Presidente garantiu o que o MPLA garante desde de sempre. Que o Executivo, atento ao clamor dos cidadãos, está apostado no aumento da produção interna de bens, na redução das taxas aduaneiras de alguns produtos importados e a baixar para 50 por cento o IVA sobre os principais produtos da cesta básica, para reverter essa situação.

O presidente do MPLA reconheceu que as restrições impostas pela pandemia da Covid-19 provocaram um abrandamento nas acções de massa, situação reclamada pelos militantes, que era necessário corrigir de imediato, sem violar as medidas de biossegurança, razão pela qual era importante a escolha de um militante conhecedor de Luanda e especialista em encontrar o caminho mais curto para colocar os adversários na cadeia alimentar dos jacarés.

A decisão foi a de separar o cargo de primeiro secretário do partido e de governador provincial, tendo sido escolhido Bento Bento para comandar o MPLA em Luanda. “Os resultados em termos de mobilização política são bastante visíveis e só vêm confirmar que estávamos certos na aposta que fizemos”, reconheceu o grande discípulo de Agostinho Neto.

Segundo João Lourenço, constata-se que “o MPLA voltou a ocupar o seu espaço político, e que está efectivamente em movimento”. E de tal forma está que vai levar tudo à sua frente, nem que seja necessário adaptar e actualizar os manuais de 27 de Maio de 1977.

Artigos Relacionados

Leave a Comment